terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Homem Elefante

Sob a direção sensível e experiente de David Lynch o expectador é capturado pela história de Jonh Merrick (John Hurt). Portador de neurofibromatose múltipla, que lhe deforma a face e quase todo o corpo, John Merrick é apresentado nos espetáculos e circos de Londres como uma aberração, sujeito a curiosidade dos espectadores e a constantes privações e espancamentos pelo seu “dono”. O estigma que carrega faz com que todos o vejam como um débil mental, um monstro. Sua deformação desperta o interesse do médico Frederick Treves (Anthony Hopkins), que o leva para um hospital, para estudá-la. Com a convivência a barreira posta pela condição estigmatizante é rompida e o médico passa a ter um interesse genuíno pelo seu paciente. Nasce daí uma relação especial e transformadora que revela quem é a pessoa por trás da face deformada: alguém capaz de falar e de falar com grande acuidade, uma pessoa extremamente sensível e doce. Ao lado do médico e de Kendal (Anne Bancroft), uma grande atriz, a quem é apresentado, Jonh Merrick revela-se e liberta-se. O “monstro”, no espelho, que todos vêem e que ele próprio vê refletido, é ele, mas ele não é um monstro. Merrict pecebe então que monstros são os “outros”, aqueles aparentemente saudáveis, “normais”, que o exploraram, o maltrataram e zombaram dele. Fora dos muros do hospital, onde vive protegido até a sua morte, no entanto, ele continua sendo apenas o que a sua aparência revela. Irving Goffman, autor de “Estigma”, teria gostado de assistir.

One response to “O Homem Elefante”

Eu uso o filme nas minhas aulas de antropologia, quando abordo descriminação, preconceito, e estigma, e o debate tem sido muito interessante...

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